INDÚSTRIA DE FOLHEADOS - ADEQUAÇÕES AMBIENTAIS NA GALVANOPLASTIA (DOURAÇÃO E PRATEAÇÃO)


Revestir peças metálicas com metais mais nobres é galvanoplastia.

Durante o processo, há riscos de contato e no ar (é preciso que haja ventilação boa, natural ou por exaustores que puxem os gases acima dos tanques), há vapores de solventes orgânicos, névoas ácidas e alcalinas.

As peças são mergulhadas e tiradas de um tanque e colocadas em outro, o piso é molhado por respingos, há risco de escorregar. O correto é que o piso tenha um revestimento de borracha/polipropileno, já vi (e qualquer hora posto aqui) piso de cerâmica e rejunte específicos para galvanoplastia (dolorido o custo: R$300 o m2). É comum (não aconselhável) que o piso receba pallets adaptados com cobertura de borracha.

O piso, em construção nova, deve ser direcionado para o centro. Sempre deve haver grelhas/canaletas de captação de efluentes líquidos, diretamente ligadas à estação de tratamento de efluentes (ETE).

Em geral, as paredes recebem um tratamento anticorrosivo (epóxi?).

Tudo deve ser identificado e sinalizado, preferencialmente deverá haver fichas toxicológicas acima dos banhos.

Os tanques devem ficar em bacias de contenção. Os produtos para os banhos devem ficar armazenados em local com cobertura, solo impermeabilizado, sem contribuição de água de chuva e ao abrigo de intempéries (melhor prevenir, sempre que possível instalar bacia de contenção) – embalagens vazias, Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) inservíveis e materiais contaminados por ácidos devem receber o mesmo tipo de armazenagem em local separado (a destinação correta é em aterros industriais para resíduos classe 1).

Os equipamentos de combate a incêndio, o chuveiro de emergência e o lava olhos devem ficar em local sinalizado, visível e com passagem sem obstáculos.

Instalações elétricas devem estar em bom estado.

Dica: toda vez que houver corrosão acima de tanques ou em metais no entorno, cuidado com vapores – é certo que deverá haver estação de tratamento de efluentes líquidos, com secagem de borra (lodo galvânico), armazenagem diferenciada e destinação de resíduos classe 1.

Por conta de espaço, muitas indústrias dispõem os tanques de modo inadequado, sem obedecer à ordem dos banhos. Esta “confusão” aliada à movimentação de funcionários pode responder por inadequações ou riscos ambientais.

O exemplo de adequação ambiental aqui mostrado é de eletrodeposição de ouro e prata em colares, brincos, pulseiras e anéis.

Basicamente, o processo tem duas etapas distintas. Primeiro é feita limpeza da peça, depois é feito o revestimento na peça limpa. Sempre há um compressor, que deve ficar em casulo/casa de alvenaria (solução boa e barata, revestir paredes com caixa de ovos, se não puder colocar manta de isolamento acústico, não esquecer de colocar vibra stop ou manta de borracha/silicone sob o compressor, para evitar reverberações).

Sou Fiscal de Posturas e minha formação é em Administração, Direito e Gestão Ambiental… não sou química, tenham paciência com minha inabilidade, ok?! Vou tentar registrar aqui as explicações que ouço nas indústrias de folheados, portanto, meu conhecimento é de “ouvir dizer” e de prática:

1) as peças de latão recebem a primeira limpeza, um banho de ácido nítrico e ácido sulfúrico… há liberação de gases (o tanque tem um cheiro característico, meio acre);

2) as peças são colocadas numa espécie de rotativa – parece uma bacia que fica girando com umas “pedrinhas”, são os chips de resina ou cerâmica, têm a função de ficar “batendo” nas peças e, assim, eliminam rebarbas… de tanto “bater” os chips diminuem de tamanho, vão ficando imprestáveis ao uso;

3) as peças, sem rebarbas, são penduradas em ganchos e vão para banho de solução com cianeto de potássio (é rápido);

4) em seguida, as peças são mergulhadas em água (em algumas indústrias, os ganchos com as peças tomam uma chuveirada de água limpa);

5) as peças são imersas em tanque com uma solução ativante de ácido sulfúrico;

6) as peças vão, em seguida, para um banho no tanque de desengraxante – como todo desengraxe, a função é deixar a peça totalmente limpa para poder ser galvanizada;

7) saindo do desengraxante, as peças precisam de outro enxague;

8) novamente as peças são mergulhadas em tanque de solução de ativação;

9) após o banho ativante, as peças são novamente enxaguadas;

10) o banho, agora, é de cobre alcalino (sais de cobre cianeto). As peças de latão recebem uma camada de cobre;

11) depois desta primeira cobertura de cobre, é preciso enxaguar as peças;

12) novamente as peças precisam de banho ativante;

13) novo enxague;

14) as peças vão para o banho de cobre ácido (sulfato de cobre e ácido sulfúrico). As peças saem lisas e brilhantes.

15) banham-se as peças em tanque de cobre;

16) banham-se as peças em tanque de níquel;

17) os banhos de cobre e níquel preparam as peças para a cobertura final: banho de ouro ou banho de prata;

18) é comum novo enxague, finalizando a galvanoplastia;

19) as peças são levadas para secagem em forno (centrífugas com resistências elétricas).


Chuveiro de emergência e lava olhos (pintados de verde). Químico mostra peças minutos antes de colocá-las no formo para secagem




Armazenagem de borra já seca




Área da primeira etapa do processo de galvanoplastia




Área da segunda etapa do processo de galvanoplastia




No centro, canaleta de captação de efluentes líquidos ligada à ETE


Tanques com identificação e ficha de identificação – observe a contenção (barreira em alvenaria no entorno da área “molhada”.



Enxague




Secagem das peças em forno




Estação de Tratamento de Efluentes (faltam calhas). Local com cobertura, solo impermeabilizado, bacia de contenção, tanques de secagem de borra (lodo galvânico) – tudo sem contribuição de água de chuva e ao abrigo de intempéries


No detalhe: secagem da borra/lodo galvânico


Fonte: www.fiscaldeposturas.com.br
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